Saúde e Bem-estar
5 doenças causadas por enchentes
09 de janeiro de 2024
Acúmulo de água da chuva pode ser vetor de infecções graves.
Por que as enchentes são perigosas?
Durante o verão, vários estados do Brasil passam a lidar com chuvas volumosas que causam estragos. Infelizmente, muitas vezes o acúmulo de água das tempestades gera prejuízos que vão além dos custos materiais, já que existem doenças causadas por enchentes que podem ser bastante graves.
A água das enchentes é considerada imprópria para consumo e é necessário evitar qualquer tipo de contato com as inundações. Isso acontece porque todo acúmulo de água nas ruas possui um grande potencial de ser vetor de algumas infecções.
Nas ruas, é normal existirem restos de fezes e urina de animais e humanos, os mais variados tipos de lixo, substâncias químicas, entre outros agentes que oferecem risco à saúde.
Além disso, não é só a água que é perigosa: depois que a enchente baixa, é comum que uma lama fique impregnada no local que anteriormente estava inundado. Essa espécie de lodo também é muito perigosa para a saúde pelos mesmos motivos que citamos acima.
A seguir, vamos falar mais sobre 5 doenças que podem ser transmitidas pelos alagamentos e as maneiras de preveni-las. Confira!
As principais doenças infecciosas causadas pelas inundações
Várias doenças podem ser causadas pelo contato direto ou indireto com a água ou lama resultante das cheias. É possível se contaminar quando os microrganismos atravessam a barreira da pele e adentram o corpo, ou por meio fecal-oral, quando a pessoa leva as mãos sujas até a boca.
Grande parte são infecções gastrointestinais, que causam sintomas como diarreia, febre e vômitos. No entanto, também existem condições que afetam a pele, o cérebro e podem até levar à morte. Saiba quais são:
1.Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa, transmitida pela urina de animais doentes, principalmente o rato. A principal maneira de contágio acontece em enchentes, porque o xixi desses animais se mistura à água.
A bactéria da leptospirose entra no organismo humano através da pele e das mucosas. Em casos graves da doença, a porcentagem de mortes pode chegar a 40%, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os sintomas dessa infecção incluem:
- Febre
- Dor de cabeça
- Dor no corpo, principalmente na panturrilha (batata da perna)
- Cansaço
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Tosse
- Falta de apetite
- Vermelhidão ou hemorragia nos olhos
- Dor ocular
- Fotofobia (sensibilidade à luz)
Ao perceber esses sinais, é importante procurar uma emergência médica o quanto antes. A leptospirose tem cura e é tratada com o uso de antibióticos, mas a demora em obter um diagnóstico e tratamento correto pode acarretar complicações sérias, como insuficiência renal, miocardite, pancreatite e anemia.
2.Tétano
O tétano é uma infecção bacteriana grave e o seu contágio ocorre quando a pessoa tem lesões na pele ou nas mucosas e entra em contato com fezes de animais ou seres humanos (comuns em alagamentos), plantas e outros objetos contaminados, como pregos, arames e cercas, estejam eles enferrujados ou não.
A bactéria causadora do tétano libera uma toxina que afeta o sistema nervoso central. Isso resulta em sintomas típicos:
- Rigidez muscular em todo corpo, sobretudo no pescoço
- Espasmos musculares
- Dificuldade para abrir a boca e para engolir (trismo)
- Arritmia cardíaca
- Riso convulsivo e involuntário, causado pela contratura dos músculos do rosto
- Dores nas pernas, nas costas e nos braços
- Irritabilidade
- Dor de garganta
- Dor de cabeça
- Febre
- Sudorese
Essa doença é potencialmente fatal e requer atendimento médico o quanto antes. É possível curá-la utilizando antibióticos e outros medicamentos, como relaxantes musculares e sedativos para tratar os sintomas.
Ao confirmar o diagnóstico de tétano, o médico deve aplicar imunoglobulina antitetânica ou soro antitetânico para neutralizar a toxina da bactéria.
3.Cólera
A cólera também é uma doença bacteriana, mas que atinge especialmente o intestino delgado, causando sintomas gastrointestinais, como:
- Diarreia volumosa, que começa de repente
- Fezes líquidas, com um tom acinzentado
- Vômitos e náuseas
- Dores e cólicas no abdômen
- Cãibras musculares
Muitos pacientes que contraem a doença não apresentam um quadro grave e o principal ponto de alerta é a desidratação, sobretudo em crianças e idosos.
O meio de transmissão da cólera é via fecal-oral, pelo consumo de água e alimentos contaminados, o que ocorre com frequência após enchentes, pois as inundações conseguem atingir comidas e bebidas armazenadas em armários e nas geladeiras.
O principal meio de tratamento envolve manter o paciente hidratado, pois não existe um medicamento próprio para tratar essa condição. Em situações mais preocupantes, o médico pode prescrever antibióticos.
4.Febre tifoide
A febre tifoide é uma infecção bacteriana considerada grave, porque é capaz de entrar na corrente sanguínea e afetar vários órgãos, gerando complicações como pneumonia, colecistite (inflamação da vesícula biliar), meningite, retenção de urina, aneurisma, pedra nos rins ou na vesícula e problemas cardíacos, tal qual miocardite ou endocardite.
É possível contrair essa doença pelo contato direto com uma pessoa infectada, ou pelo consumo de água e alimentos contaminados. Os seus principais sintomas são:
- Febre alta e prolongada
- Manchas rosadas na região do abdômen e do tórax
- Mal-estar generalizado
- Dor de cabeça
- Falta de apetite
- Batimentos cardíacos lentos
- Alterações intestinais, como dificuldade para evacuar ou diarreia com sangue
- Prostração (uma série de sensações desagradáveis, como cansaço excessivo e exaustão)
- Aumento do baço e do fígado
- Inchaço e cólicas abdominais
- Vômitos e náuseas
Ao notar esses sintomas, procure atendimento médico o mais rápido possível. A febre tifoide tem cura com o uso de antibióticos, antitérmicos e analgésicos, além de bastante hidratação e repouso.
5.Micose
As micoses são infecções causadas pela propagação descontrolada de fungos na pele, no couro cabeludo, nas unhas e nas áreas mais úmidas do corpo, como as regiões íntimas e o espaço entre os dedos dos pés.
Existem vários tipos de micose, como frieiras, candidíase, onicomicose (infecção nas unhas), pitiríase versicolor (pano branco ou micose da praia), tinea do couro cabeludo, tinea cruris (coceira de jóquei) e tinea corporis (impingem). Geralmente causam os seguintes sintomas:
- Coceira
- Vermelhidão
- Descamação
- Inflamação
- Manchas brancas na pele
- Secreção e corrimento nos genitais
- Rachaduras entre os dedos
- Deformação e alteração na coloração das unhas
É possível contrair uma micose ao ter contato com a água suja das enchentes, mantendo o uso de roupas e calçados molhados e contaminados por muito tempo, por exemplo.
O tratamento para essas infecções depende do tipo adquirido e do estágio em que o quadro está. É possível tratá-las consultando um dermatologista ou ginecologista, nos casos de candidíase.
Como reconhecer essas doenças?
Se você atravessou uma enchente recentemente ou teve contato com a água, ou com a lama de alagamentos na própria casa, por exemplo, é preciso ter atenção aos sintomas.
Como já citamos, muitas dessas doenças causam sintomas gastrointestinais, que podem incluir diarreia, vômito, náuseas e cólicas abdominais. Caso você perceba esses sinais, procure uma emergência médica e comunique uma possível contaminação pelas inundações.
Isso é importante porque esses sintomas, por si só, são amplos e podem ser confundidos com outras doenças, como viroses, doença de Crohn e síndrome do intestino irritável. Portadores da doença celíaca e intolerantes à lactose também sofrem com diarreia e dores de barriga.
No caso do tétano e da leptospirose, que possuem sintomas mais típicos, o diagnóstico deve ser feito por meio de exames de sangue e avaliação clínica do paciente, geralmente realizada por um clínico geral ou infectologista.
As micoses, por outro lado, conseguem ser facilmente identificadas pela própria pessoa ao notar alterações na pele, no cabelo, nas unhas e nas genitais. Geralmente não são graves, apesar de incômodas.
Qual é a melhor maneira de prevenir infecções causadas por enchentes?
A principal recomendação é evitar o contato com a água e a lama das enchentes. Espere sempre a água baixar antes de se locomover.
Lembre-se que, além de doenças, atravessar enchentes é perigoso porque você pode cair em bueiros abertos, ser carregado pela correnteza ou se machucar ao pisar em objetos submersos. Pelos mesmos motivos, é muito importante proibir que crianças nadem e brinquem em locais alagados.
Se precisar andar por um alagamento, certifique-se de utilizar sapatos fechados (de preferência botas de borracha), meias e calças, porque esses itens ajudam a proteger a pele. Procure, também, ficar o menor tempo possível em contato com a água e tome banho o quanto antes.
Caso a sua casa tenha sido alagada, coloque luvas, botas, calça e blusa de manga comprida para fazer uma limpeza profunda e desinfetante com água sanitária. Alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água ou com o lodo precisam ser descartados, mesmo que estiverem embalados.
Outros cuidados incluem:
- Lavar bem as mãos antes de preparar ou servir refeições
- Tomar apenas água potável. Para garantir que está segura para consumo, coloque duas gotas de hipoclorito de sódio (cloro) a cada litro de água. Espere ao menos 30 minutos para tomar o líquido após esse processo
- Lave talheres, panelas e outros utensílios domésticos atingidos pela enchente com água e sabão. Depois, prepare uma solução de 200ml de cloro com 800ml de água para desinfetar
- Pisos, paredes, móveis e outros objetos domésticos atingidos pelo alagamento também devem ser limpos com água e sabão. Retire toda a lama e depois umedeça um pano com uma solução de 200ml de água sanitária em um balde com 20 litros de água. Passe o pano nas superfícies para desinfetá-las
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Escrito por Vale Saúde
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