Quando começar o pré-natal? Entenda a importância dos exames

O pré-natal é o acompanhamento médico realizado durante a gestação com o objetivo de garantir a saúde da gestante e do bebê. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui uma boa cobertura de atendimento pré-natal: 98,7% recebem assistência médica ao longo da gravidez.

No entanto, isso não significa que o monitoramento seja adequado e de qualidade. Muitas mulheres têm diversas dúvidas, incluindo quando começar o pré-natal e como ele deve ser realizado.

O acompanhamento envolve uma série de consultas com um ginecologista ou obstetra, que solicita exames  e oferece orientações sobre a gestação. Com isso, é possível identificar e prevenir possíveis complicações durante a gravidez, o parto e o pós-parto.

Entre as principais funções do pré-natal, é possível citar:

Para a gestante:

• Monitoramento da saúde: avalia a pressão arterial, peso e sinais de doenças como diabetes gestacional ou pré-eclâmpsia
• Prevenção de complicações: permite e tratá-los antes que se agravem
• Orientações importantes: a gestante recebe informações sobre alimentação, atividade física, uso de  , trabalho de parto e amamentação
• Apoio emocional: é uma oportunidade para a gestante esclarecer dúvidas e receber apoio psicológico, se for necessário

Para o bebê:

• Acompanhamento do desenvolvimento fetal: é verificado o crescimento, batimentos cardíacos e posição do bebê
• Detecção de anomalias: exames ajudam a identificar malformações ou condições genéticas que podem ser tratadas desde cedo
• Prevenção de infecções: testes para doenças como HIV, sífilis, hepatite e toxoplasmose protegem o bebê de contaminações
• Planejamento do parto: permite prever e planejar o tipo de parto mais seguro para mãe e filho

Quando começar o pré-natal?

O pré-natal deve ser iniciado logo que a gestante descobrir a gravidez, caso as consultas pré-concepção não tenham sido realizadas. É indicado que acompanhamento comece a ser feito ainda no primeiro trimestre, ou seja, até a 12ª semana  de gestação.

Esse é um passo essencial para uma gestação saudável, porque permite:

• A identificação precoce de problemas de saúde capazes de afetar a mãe ou o bebê
• A realização de exames iniciais, incluindo coletas de sangue e urina, e ultrassonografia morfológica, para avaliar a saúde da gestante e o desenvolvimento do feto
• Receber orientações sobre alimentação, uso de medicamentos e hábitos saudáveis desde o início da gravidez
• Iniciar a prevenção de doenças e complicações, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, anemias, infecções, entre outras

Quais são os exames iniciais de pré-natal?

Logo na primeira consulta de pré-natal, o médico solicita uma série de exames de rotina. Alguns exemplos são:

• Exame de sangue completo (hemograma): avalia anemia, infecções e outras alterações sanguíneas
• Tipagem sanguínea e fator Rh: determina o tipo de sangue da gestante e previne problemas como a incompatibilidade Rh
• Teste de glicemia em jejum: avalia o risco de diabetes gestacional
• Sorologia para sífilis (VDRL ou RPR): detecta a sífilis, capaz de causar complicações graves para o bebê
• Sorologia para HIV: importante para evitar a transmissão vertical (da mãe para o bebê)
• Sorologia para hepatites B e C: detecta infecções que podem afetar o fígado da gestante e do bebê
• Exame de toxoplasmose (IgG e IgM): identifica se a gestante já teve ou está com a infecção, que consegue prejudicar o bebê
• Exame de rubéola (IgG e IgM): verifica a imunidade da gestante e o risco para o feto
• Exame de urina (EAS e urocultura): detecta infecções urinárias, que são comuns e perigosas na gravidez
• Exame de fezes: identifica parasitoses intestinais responsáveis por causar anemia ou desnutrição
• Ultrassonografia obstétrica: confirma a idade gestacional, localização do embrião e batimentos cardíacos do bebê
• Papanicolau: avalia a saúde do colo do útero, especialmente se a mulher estiver com o exame atrasado

Com que frequência as consultas pré-natais devem ser feitas?

Conforme orientação do Ministério da Saúde e da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), devem ser realizadas no mínimo 6 consultas de pré-natal ao longo da gestação, da seguinte forma:

1º trimestre (até 12 semanas):

• 1 consulta por mês
• Início do pré-natal, com exames de rotina

2º trimestre (13 a 28 semanas):

• 1 consulta por mês
• Acompanhamento do crescimento fetal, novos exames e orientações nutricionais

3º trimestre (29 a 36 semanas):

• 1 consulta a cada 15 dias
• Monitoramento mais próximo, observação de sinais de parto prematuro e posição fetal

Final da gestação (37 semanas até o parto):

• 1 consulta por semana
• Avaliação da proximidade do parto e condições materno-fetais

Essas são orientações para gestações de baixo risco. Se a mulher apresentar complicações gestacionais, como diabetes, pressão alta e pré-eclâmpsia, é necessário seguir as recomendações específicas do obstetra.

Mesmo se a gestante estiver se sentindo bem, ela não deve pular consultas, pois muitas complicações da gravidez são silenciosas e só são detectadas com exames ou observação médica.

O papel da nutrição antes do nascimento

A nutrição durante a gestação desempenha um papel essencial para a saúde da mãe e o desenvolvimento saudável do bebê. Uma alimentação adequada fornece os nutrientes necessários para o crescimento fetal, reduz o risco de complicações na gravidez e prepara o organismo da gestante para o parto e a amamentação.

Durante o pré-natal, a gestante recebe diversas orientações nutricionais para garantir sua saúde e o desenvolvimento adequado do bebê. Essas orientações são adaptadas às necessidades de cada mulher, mas seguem algumas recomendações básicas universais, como:

Alimentação equilibrada e variada

• Incluir todos os grupos alimentares: frutas, legumes, verduras, cereais integrais, proteínas (carnes magras, ovos, feijão), laticínios e gorduras boas
• Evitar dietas restritivas sem acompanhamento profissional de um nutricionista

Aumentar o consumo nutrientes essenciais

• Ácido fólico (suplementação geralmente iniciada antes da 12ª semana): previne defeitos do tubo neural
• Ferro: presente em carnes vermelhas, vegetais verde-escuros e leguminosas (geralmente há suplementação a partir do segundo trimestre)
• Cálcio: encontrado em leite, queijos, iogurtes, folhas verdes
• Vitamina D: importante para a absorção de cálcio (pode ser suplementada, se necessário)
• Ômega-3 (DHA): importante para o cérebro do bebê (encontrado em peixes como salmão, sardinha e chia)

Evitar alimentos e substâncias prejudiciais

• Carnes cruas ou malcozidas (risco de toxoplasmose e outras infecções)
• Leite e derivados não pasteurizados
• Alimentos ultraprocessados (ricos em sódio, gorduras ruins e aditivos químicos)
• Bebidas alcoólicas
• Cafeína em excesso (limite recomendado: até 200 mg/dia, o equivalente a 1 xícara de café forte)

Fracionar as refeições

• Comer pequenas porções ao longo do dia (5 a 6 refeições) ajuda a controlar náuseas, refluxo e ganho de peso

Manter boa hidratação

Beber bastante água ao longo do dia (pelo menos 2 litros), fundamental para o funcionamento dos rins, circulação e produção de líquido amniótico

Monitorar o ganho de peso

• O ganho de peso ideal varia conforme o IMC antes da gravidez e deve ser acompanhado nas consultas. Excesso ou déficit de peso pode trazer riscos à gestação e ao bebê

Quais são as vacinas recomendadas ao longo do pré-natal?

Durante a gestação, algumas vacinas e medidas preventivas são fundamentais para proteger a saúde da gestante e do bebê. A vacinação correta ajuda a evitar quadros de doenças graves, responsáveis por complicações durante a gravidez, além de proteger o recém-nascido nos primeiros meses de vida.

Vacinas recomendadas durante a gestação:

dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto)

• Protege contra: difteria, tétano e coqueluche
• Quando tomar: entre 27 e 36 semanas de gestação (preferencialmente até a 32ª semana)
• Importância: protege o bebê contra a coqueluche nos primeiros meses de vida, antes de ele ser vacinado

Hepatite B

• Protege contra: infecção pelo vírus da hepatite B
• Quando tomar: pode ser feita a qualquer momento da gestação, se a gestante não estiver imunizada (esquema de 3 doses)

Influenza (gripe)

• Protege contra: complicações causadas pelo vírus da gripe
• Quando tomar: em qualquer fase da gestação, especialmente durante as campanhas de vacinação

Covid-19

• Protege contra: formas graves da infecção pelo coronavírus
• Quando tomar: conforme a orientação do Ministério da Saúde, com vacinas autorizadas para gestantes e puérperas

Vacinas com vírus vivo atenuado, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela e febre amarela não são recomendadas e só devem ser tomadas antes da gravidez ou no pós-parto, se necessário.

O que levar e quais as perguntas fazer ao médico durante as consultas?

Durante a gravidez, uma das coisas mais importantes é não ter dúvidas. Nas consultas, a paciente deve procurar esclarecer as perguntas que surgem ao passar dos dias.

Para não esquecer nenhuma, é válido até anotá-las e levá-las até o consultório. Separamos também alguns questionamentos comuns, que devem ser respondidos pelo médico:

1. Minha gravidez está evoluindo normalmente?
2. Qual é a idade gestacional e a data provável do parto?
3. O bebê está com peso e crescimento adequados?
4. Quando devo me preocupar com dores, sangramentos ou outros sintomas?
5. Como deve ser minha alimentação?
6. Posso fazer atividade física? Qual é a mais indicada?
7. Quais medicamentos posso ou não posso tomar?
8. Preciso tomar alguma vitamina ou suplemento?
9. Qual tipo de parto é mais indicado para o meu caso?
10. O que devo preparar para o parto?
11. Quando devo ir para a maternidade?
12. O bebê já está virado para o parto?
13. Posso ouvir os batimentos cardíacos?
14. Como posso estimular o desenvolvimento do bebê durante a gravidez?

Além disso, é sempre necessário levar a caderneta de pré-natal, o resultado de exames, a lista de remédios que está tomando e os seus documentos.

Caso tenha descoberto a gravidez recentemente, agende agora uma consulta com um ginecologista obstetra perto de você!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Ministério da Saúde – Pré-natal

Secretaria Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo – Pré-natal: O exercício da maternidade começa antes do nascimento do bebê

National Institutes of Health – What is prenatal care and why is it important?

Mayo Clinic – Pregnancy week by week

Healthline – Pregnancy Care

Science Direct – Prenatal Care