Hidrocefalia
Doença é caracterizada pelo acúmulo de líquido no cérebro e é mais comum em bebês e crianças
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A hidrocefalia é definida como acúmulo de líquido cefalorraquidiano (LCR) dentro do cérebro. O LCR é uma solução produzida para proteger os centros nervosos de impactos, além de transportar nutrientes para o cérebro e manter a pressão intracraniana em níveis adequados.
Em situações normais, esse líquido é absorvido pela corrente sanguínea e renovado entre duas e três vezes ao dia. Quando há produção excessiva de LCR, drenagem insuficiente ou obstrução no fluxo de absorção, o paciente passa a apresentar os sintomas típicos de hidrocefalia.
No geral, a condição é mais comum em bebês e crianças, devido a problemas no desenvolvimento do feto ainda durante a gestação. No entanto, a hidrocefalia pode afetar qualquer pessoa, incluindo adultos e idosos, surgindo como complicação de infecções neurológicas (meningite, por exemplo) ou tumores cerebrais.
Quais são os principais sintomas?
Os sintomas de hidrocefalia são diferentes conforme a faixa etária do paciente. Saiba mais abaixo.
Recém-nascidos e bebês com menos de 1 ano:
- Cabeça maior que o normal e alterações no formato do crânio
- Dilatação da moleira e veias na região da cabeça
- Crescimento rápido e anormal do crânio
- Dificuldade em mover a cabeça
- Sonolência
- Irritabilidade
- Náuseas e vômito
- Atraso no desenvolvimento psicomotor
Crianças, adolescentes e adultos:
- Dor de cabeça
- Náuseas e vômitos
- Sonolência e cansaço excessivos
- Perda de equilíbrio e da coordenação motora
- Desatenção
- Irritabilidade
- Convulsões
- Estrabismo e visão dupla
- Incontinência urinária
Idosos:
- Dificuldade para caminhar
- Demência e declínio mental
- Dores de cabeça intensas
- Incontinência urinária e urgência para urinar
- Alterações na visão
- Problemas de memória e raciocínio
- Sonolência
- Irritabilidade
O que causa hidrocefalia e quais são os tipos da doença?
A hidrocefalia pode ser classificada entre congênita, quando a criança já nasce com a condição, ou adquirida, se surge como resultado de outras condições, incluindo meningite, tumores cerebrais ou traumas.
Há outros tipos de classificações, que consideram as causas do acúmulo de líquido no cérebro. Confira:
- Hidrocefalia obstrutiva ou não comunicativa: ocorre quando há um bloqueio que impede o fluxo do líquido cefalorraquidiano entre o encéfalo e a medula espinhal. Costuma estar ligada à hidrocefalia congênita.
- Hidrocefalia não obstrutiva ou comunicativa: nesse caso, o LCR consegue circular livremente, mas a absorção na corrente sanguínea não funciona como deveria, ou há uma produção excessiva do líquido. É uma das causas de hidrocefalia gerada por sangramentos cerebrais.
- Hidrocefalia de pressão normal idiopática (HPNI): é um tipo de hidrocefalia que não tem causa definida e é mais comum em idosos. O LCR não é reabsorvido devidamente na corrente sanguínea, aumentando o tamanho cerebral.
Quais são os fatores de risco da doença?
Os fatores de risco são diferentes considerando o tipo de hidrocefalia (congênita ou adquirida).
Fatores de risco para hidrocefalia congênita:
- Mutações genéticas e hereditárias
- Infecções durante a gestação, como rubéola, toxoplasmose ou citomegalovírus
- Malformações congênitas, como defeitos no desenvolvimento cerebral ou da medula espinhal
- Hemorragias cerebrais fetais, que podem ocorrer ainda na gravidez, durante o desenvolvimento do feto
Fatores de risco para hidrocefalia adquirida:
- Traumatismo craniano
- Infecções no sistema nervoso central, como meningite e encefalite
- Hemorragias intracranianas
- Tumores cerebrais
- Cirurgias neurológicas, pois alguns procedimentos são capazes de afetar o fluxo de LCR
- Doenças inflamatórias, como sarcoidose
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de hidrocefalia deve ser feito por um neurologista, no caso de adultos, e pelo neuropediatra, se o paciente for criança. O médico considera os sintomas apresentados, realiza uma avaliação neurológica e leva em conta, também, a história clínica do indivíduo.
Exames de imagem, como o ultrassom convencional e o transfontanelar (especialmente em bebês com menos de 1 ano), a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são importantes para confirmar quadros de hidrocefalia, pois permitem a visualização dos locais do cérebro que estão dilatados.
A doença também consegue ser diagnosticada ainda na gestação, durante o pré-natal, em ultrassons morfológicos de rotina. No entanto, é mais comum que a condição seja identificada após o nascimento, quando os sinais mais claros da hidrocefalia, como a cabeça maior que o normal, começam a aparecer.
Hidrocefalia tem cura? Como é feito o tratamento?
Infelizmente, na maioria dos casos, a hidrocefalia não tem cura definitiva. No entanto, o tratamento adequado, indicado pelo neurologista, neuropediatra ou neurocirurgião, considerando as causas da doença, consegue aliviar os sintomas e garantir qualidade de vida ao paciente.
Se possível, é indicado tratar o distúrbio que está por trás do acúmulo de LCR, como meningite, encefalite, tumores cerebrais ou outras infecções. Porém, o tratamento para a maior parte dos quadros de hidrocefalia é a cirurgia.
O procedimento cirúrgico mais comum é derivação ventriculoperitoneal (DVP), que busca aliviar a pressão intracraniana ao desviar o excesso de LCR para a cavidade abdominal.
Em casos de hidrocefalia congênita identificada durante a gestação, é possível puncionar o excesso de líquido do cérebro do feto ou introduzir um cateter responsável por desviar o LCR, que passa a ser absorvido pelo líquido amniótico. Logo após o parto, a técnica é substituída pelo sistema de derivação.
Complicações causadas pela hidrocefalia
É importante que a hidrocefalia seja diagnosticada e tratada da maneira mais breve possível. Caso contrário, as complicações implicam, especialmente em bebês e crianças, no desenvolvimento mental e motor, como dificuldade de andar, falar, aprendizado no geral e de memória, e problemas para controlar a urina e a vontade de defecar.
Se o quadro for grave, é possível que o paciente tenha danos cerebrais irreversíveis, como paralisia, retardo mental e, em algumas situações, até mesmo a morte.
Existem maneiras de prevenir a hidrocefalia?
Não é simples prevenir um quadro de hidrocefalia, mas alguns cuidados são capazes de auxiliar nesse combate:
- Manter os cuidados pré-natais adequados
- Vacinar-se contra infecções, como rubéola e toxoplasmose, durante a gravidez
- Fazer uso do ácido fólico na gestação
- Prevenir traumatismos cranianos
- Tratar adequadamente infecções como meningite e encefalite
- Monitorar de perto, com acompanhamento médico, após casos de hemorragias ou cirurgias cerebrais
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