Condição em que a pessoa perde o prazer pela vida é sinal de outros distúrbios, como depressão e esquizofrenia.

Não sentir alegria ao ouvir as músicas favoritas ou praticar os hobbies prediletos. Perder o interesse e o desejo por interações sociais, relações afetivas ou comida. Ausência do prazer sensorial, como para comer, tocar instrumentos e praticar esportes.
Um dos sinais determinantes para diagnosticar a depressão, a anedonia é a diminuição da capacidade de sentir satisfação em momentos que costumavam trazer bem-estar. A pessoa pode ter pouco interesse nas atividades anteriormente realizadas e gastar mais tempo com tarefas sem objetivo.
A condição também é um sintoma negativo que afeta muitos pacientes com esquizofrenia. Esse comportamento dificulta a conexão emocional com amigos e familiares, levando ao afastamento e à solidão.
Continue a leitura para conhecer melhor este tema de saúde mental!
Quais são os principais tipos de anedonia?
A anedonia é a dificuldade de sentir prazer em atividades que normalmente seriam consideradas agradáveis. Ela é um sintoma comum em vários transtornos mentais, como a depressão maior, esquizofrenia e transtornos do espectro autista.
Os principais tipos de anedonia são classificados de acordo com as áreas da vida afetadas:
Anedonia social
Diminuição ou ausência de prazer em interações sociais.
Exemplos: falta de interesse em conversar, estar com amigos ou participar de eventos sociais.
Ocorre nas condições: transtornos do espectro autista, esquizofrenia, depressão.
Anedonia física (ou sensorial)
Incapacidade de sentir prazer físico por estímulos sensoriais agradáveis
Exemplos: alimentos saborosos, toque físico, música, exercícios físicos ou experiências sexuais não provocam prazer.
Ocorre nas condições: depressão maior, uso de substâncias químicas, doenças neurológicas.
Anedonia motivacional (ou antecipatória)
Falta de desejo ou motivação para buscar atividades prazerosas, mesmo sabendo que antes eram gratificantes
Exemplos: não sente vontade de assistir um filme que costumava gostar, ou não vê sentido em sair de casa para se divertir.
Ocorre nas condições: depressão, esquizofrenia.
Anedonia consumatória
A pessoa se envolve em atividades prazerosas, mas não sente prazer quando está realizando a ação.
Exemplos: come algo saboroso, mas não sente gosto ou prazer; escuta música, mas permanece indiferente.
Ocorre nas condições: esquizofrenia, depressão.
Anedonia espiritual ou existencial (menos comum)
Perda de conexão com valores, propósito de vida ou experiências espirituais.
Exemplos: falta de sentido em atividades que antes davam propósito (como meditação, religião ou trabalho voluntário).
Ocorre nas condições: depressão existencial, burnout, luto.
Os tipos clínicos do sintoma
Clinicamente, os tipos de anedonia são classificados de forma a ajudar na compreensão do quadro e na escolha do tratamento, especialmente em contextos como transtornos do humor, esquizofrenia e transtornos neuropsiquiátricos.
Esses tipos clínicos se sobrepõem aos funcionais (como social, física etc.), mas seguem uma perspectiva mais neuropsicológica e diagnóstica. Confira os principais:
Anedonia depressiva
Um dos critérios centrais para o diagnóstico de depressão segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5.
- Associada com depressão maior, transtorno bipolar (fase depressiva)
- Perda generalizada de interesse e prazer
- Fadiga, baixa energia e pessimismo
- Pode afetar tanto o prazer antecipatório quanto o consumatório
Anedonia esquizofrênica
- Ocorre na esquizofrenia e transtornos do espectro esquizofreniforme
- Redução profunda e persistente da resposta emocional ao prazer
- Dificuldade em antecipar prazer, mas a experiência consumatória pode estar relativamente preservada
- Componente da chamada “síndrome negativa” da esquizofrenia, junto com embotamento afetivo
- Avaliação: escalas específicas como SANS (Scale for the Assessment of Negative Symptoms)
Anedonia pós-traumática
- Indicador de gravidade do Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)
- Perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas
- Dificuldade de envolvimento emocional
- Pode estar ligada à dissociação emocional e evitação de estímulos
- Sintoma de impacto funcional nas tarefas cotidianas
Anedonia anancástica (ou obsessivo-compulsiva)
- Sinal de Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
- Incapacidade de relaxar ou sentir prazer devido à presença constante de pensamentos obsessivos ou comportamentos compulsivos
- A pessoa sente que precisa realizar algo para evitar um mal-estar, não por prazer
- Muitas vezes, a atividade que antes era prazerosa se torna uma fonte de tensão
Anedonia induzida por substâncias ou medicamentos
- Associação clínica: uso prolongado de antidepressivos (especialmente Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina – ISRSs), antipsicóticos ou drogas recreativas (como cocaína, MDMA, maconha)
- Entorpecimento emocional ou perda de prazer após uso contínuo ou abstinência
- Também chamada de “apatia medicamentosa” ou “síndrome pós-SSRI”
- Deve ser diferenciada de recaídas ou sintomas do transtorno de base
Anedonia neurológica
- Ocorre com Parkinson, Alzheimer, lesões no sistema dopaminérgico (como no núcleo accumbens, córtex pré-frontal do cérebro)
- Redução da resposta ao prazer devido a disfunções no circuito de recompensa do cérebro
- Pode coexistir com apatia e dificuldades cognitivas
- Tratamento é muitas vezes associado a abordagens dopaminérgicas
Anedonia é o mesmo que apatia?
Assim como a anedonia não é o mesmo que depressão, mas um sinal dela, tampouco deve ser usada como sinônimo de apatia.
A anedonia e a apatia são sintomas distintos, embora frequentemente apareçam juntos em quadros como doenças e transtornos mentais. A diferença entre os dois está no tipo de prejuízo emocional e comportamental envolvido.
A apatia é um comportamento marcado pela ausência de motivação e iniciativa; o foco não é emocional, como na anedonia. Não ocorre perda pelo interesse por hobbies ou relações afetivas. O paciente sabe que algo pode ser prazeroso ou necessário, mas lhe falta a motivação para agir.
Alguns exemplos são saber que precisa tomar banho, mas não ter impulso para se levantar; falta de vontade de conversar, trabalhar ou realizar tarefas básicas. Ela não é igual à tristeza, mas, sim, um estado de “desligamento”, como se nada importasse.
Além da depressão, a apatia está ligada a condições neurológicas como Alzheimer e Parkinson, e traumatismos cerebrais.
Quando procurar ajuda profissional?
Como a anedonia é um dos critérios diagnósticos da depressão segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), você deve procurar ajuda profissional quando:
- A perda de prazer durar mais que duas semanas
- Se você não sentir vontade ou prazer em atividades que antes gostava (como sair, conversar, comer, ouvir música), por mais de duas semanas, é um sinal de alerta
- Afetar sua rotina e funcionalidade
- Dificuldades em se concentrar, trabalhar ou estudar
- Tiver relações pessoais prejudicadas
- Abandonar cuidados com a própria higiene ou alimentação
- Uso recente de substâncias ou medicamentos (se o sintoma surgiu após iniciar um medicamento, como antidepressivos, ou após o uso de drogas recreativas, é fundamental procurar um psiquiatra para reavaliação do tratamento ou investigação de efeitos colaterais)
- História de transtornos mentais ou traumas (se você já teve depressão, transtornos de ansiedade, transtornos do espectro autista, esquizofrenia, TEPT ou passou por perdas traumáticas, a anedonia pode ser sinal de recaída ou agravamento)
Quando a falta de interesse comprometer sua vida diária, a anedonia deixou de ser apenas um sintoma e se tornou uma barreira à qualidade de vida.
Estar também atento a sintomas associados como:
- Tristeza intensa ou apatia
- Pensamentos negativos ou desesperança
- Ansiedade persistente
- Isolamento social crescente
- Distúrbios de sono ou apetite
- Pensamentos de morte ou suicídio
Profissionais de saúde mental capacitados para auxiliar nesses quadros:
- Psiquiatra: para diagnóstico e tratamento medicamentoso
- Psicólogo: para fazer psicoterapia, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou terapia psicodinâmica
- Neurologista: se houver suspeita de causa neurológica (como Parkinson ou sequelas)
- Terapeuta ocupacional: para obter estratégias de reinserção social e prazer funcional
Quando em dúvida, procure uma avaliação psicológica ou psiquiátrica inicial. Mesmo que a ida ao consultório não lhe leve a um diagnóstico formal, isso pode oferecer clareza e orientações práticas para lidar com o quadro. Encontre um profissional de confiança perto de você!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Ministério da Saúde – Depressão
Britannica – anhedonia
The Wave Clinic – Understanding Anhedonia and Rediscovering Pleasure
Cleveland Clinic – Anhedonia
Science Focus – Feeling just ‘meh’ about life? It could be anhedonia – here’s how to reverse it

Escrito por Vale Saúde
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