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Neuropatia

Problema se refere a qualquer condição que afeta os nervos fora da medula espinhal ou do cérebro

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*Artigo revisado pelo Dr. Fábio Poianas Giannini (CRM 100.689)*

O que é neuropatia?

A neuropatia (danos nos nervos) pode resultar de uma ampla gama de condições, como diabetes e até tratamentos, como a quimioterapia. Às vezes, o problema é chamado de neuropatia periférica por ser consequência de danos aos nervos periféricos, como são chamados aqueles localizados fora da medula espinhal e do cérebro.

Na verdade, a neuropatia não é uma condição de saúde única, mas sim um termo utilizado para descrever diversos problemas de saúde envolvendo danos aos nervos periféricos, bem como os sintomas desses problemas.

Embora as condições sejam irreversíveis, a pessoa pode tomar medidas para ajudar a prevenir a neuropatia ou gerenciá-la por meio de dieta, estilo de vida e tratamento. Em geral, o problema causa fraqueza, dormência e dor, que costumam ocorrer nos pés e mãos.

Pode ainda atingir outras regiões e funções do organismo, incluindo circulação, micção (ato de urinar) e digestão. O sistema nervoso periférico é responsável pelo envio de informações da medula espinhal e do cérebro (sistema nervoso central) para o restante do corpo.

A neuropatia pode ser resultado de infecções, lesões traumáticas, exposição a toxinas, causas hereditárias e problemas metabólicos.

Em geral, pessoas com a condição descrevem a dor neuropática como pontadas, queimação ou formigamento. Os sintomas melhoram em muitos casos, sobretudo se forem causados por um problema tratável. Remédios são capazes de diminuir os desconfortos.

Quais são os sintomas da neuropatia?

Cada nervo no sistema periférico possui uma função determinada. Portanto, os sintomas vão depender de qual nervo foi afetado. Veja a classificação dos nervos:

  • Os nervos motores são responsáveis por controlar os movimentos musculares. A chamada neuropatia motora atinge esse tipo de nervo
  • Os nervos sensoriais recebem sensações da pele, como dor, toque, vibração ou temperatura. Ao atacá-los a condição é chamada de neuropatia sensorial
  • Os nervos autônomos controlam funções como transpiração, pressão sanguínea, digestão, frequência cardíaca e função da bexiga

Os sinais e sintomas da condição podem incluir:

  • Fraqueza nos músculos
  • Queda e falta de coordenação
  • Sensibilidade extrema a toques
  • Dor aguda, com sensação ardente, latejante ou de espetadas
  • Dores ao realizar ações que não deveriam ser dolorosas
  • Paralisia caso os nervos motores sejam afetados
  • Sensação de estar usando meias ou luvas quando a pessoa não está
  • Dormência com início gradual, sensação de formigamento nos pés ou mãos, que pode se espalhar para cima, nas pernas e braços

Caso os nervos autônomos sejam atingidos, os sintomas e sinais podem incluir:

Quais são as causas da neuropatia?

A neuropatia é o dano do nervo provocado por diversas condições diferentes. Os problemas de saúde que podem resultar no distúrbio incluem:

  • Diabetes: Esta é a causa mais comum (entre os pacientes com a doença, mais da metade desenvolverá algum tipo de neuropatia)
  • Doenças autoimunes: Estas incluem lúpus, artrite reumatoide, vasculite, entre outras. A síndrome de Guillain-Barré possui uma variante rara chamada de neuropatia axonal
  • Infecções: Estas incluem certas infecções virais ou bacterianas, como herpes zóster (neuropatia pós-herpética), difteria, hepatite B e C, HIV, hanseníase (antigamente conhecida como lepra), entre outras
  • Distúrbios hereditários: Condições como a doença de Charcot-Marie-Tooth são tipos hereditários do problema (neuropatia hereditária)
  • Tumores: Nódulos, não cancerosos (benignos) e cancerosos (malignos), podem se desenvolver nos nervos ou pressionar os nervos. Além disso, alguns tipos de câncer relacionados à resposta imune do corpo podem provocar polineuropatia, quando muitos nervos são danificados
  • Problemas na medula óssea: Essa categoria inclui uma forma de câncer ósseo (mieloma), a presença de uma proteína anormal no sangue (chamada gamopatia monoclonal), a rara doença amiloidose e linfoma
  • Outras doenças: Estes incluem doença renal, doença hepática, tireoide hipoativa (hipotireoidismo) e distúrbios do tecido conjuntivo Outras causas incluem:
  • Alcoolismo: Pessoas com alcoolismo podem fazer escolhas alimentares inadequadas capazes de levar a deficiências de vitaminas
  • Exposição a venenos: Agentes tóxicos incluem metais pesados, como mercúrio e chumbo, e produtos químicos industriais
  • Medicamentos: Alguns medicamentos podem causar neuropatia periférica, sobretudo os utilizados no tratamento de câncer (quimioterapia)
  • Lesão ou pressão no nervo: Lesões (quedas, traumas esportivos ou acidentes de carro) podem danificar nervos periféricos. A pressão do nervo pode resultar de uso de gesso, muletas ou repetição de um movimento, como digitação
  • Deficiências de vitaminas: Vitaminas B, vitamina E e niacina são fundamentais para a boa saúde dos nervos

Em vários casos, nenhuma causa pode ser identificada. Quando isso ocorre, o problema é chamado de idiopático (de manifestação espontânea, sem relação a outra doença ou fator).

Quais são os tipos de neuropatia?

  • Mononeuropatia: Neuropatia atinge um nervo (um exemplo é a síndrome do túnel do carpo)
  • Mononeuropatia múltipla (multifocal): Atinge dois ou mais nervos em regiões diferentes
  • Polineuropatia: Diversos nervos (a maior parte dos pacientes com neuropatia apresenta polineuropatia) Doenças do sistema nervoso central, como tumor cerebral, acidente vascular cerebral ou lesão da medula espinhal, ocasionalmente apresentam sintomas difíceis de distinguir da polineuropatia.

Neuropatia periférica

É chamada assim por ser resultado de danos aos nervos localizados fora do cérebro e da medula espinhal, os chamados nervos periféricos.

Neuropatia diabética

Decorrente da diabetes (alto nível de glicose no sangue), pode danificar os nervos em todo o corpo, mas normalmente, afeta nervos dos pés e pernas. Dependendo de quais nervos são atingidos, os sintomas incluem dor e dormência nas pernas, pés e mãos.

Também pode causar problemas com o trato urinário, sistema digestivo, coração e vasos sanguíneos. Alguns pacientes têm sintomas leves. Outros, no entanto, sofrem com muitas dores, o que pode ser incapacitante.

Neuropatia autonômica

Ocorre quando há danos aos nervos que controlam as funções automáticas do corpo. Pode afetar a pressão arterial, o controle da temperatura, a digestão, a função da bexiga e até a função sexual.

O dano do nervo interfere nas mensagens enviadas entre o cérebro e outros órgãos e áreas do sistema nervoso autônomo. Essas áreas incluem o coração, os vasos sanguíneos e as glândulas sudoríparas.

Diabetes também é a causa mais comum de neuropatia autonômica. Ainda pode ser causada por outras condições de saúde, infecções virais ou bacterianas ou alguns medicamentos. Os sintomas e o tratamento variam de acordo com os nervos danificados.

Neuropatia óptica

Acontece se o nervo óptico for danificado de alguma maneira. Isso pode ocorrer devido ao fluxo sanguíneo bloqueado, inflamação (inchaço), trauma ou anormalidades causadas por várias condições.

A condição pode levar à cegueira, e é essencial que a pessoa consulte um especialista assim que sentir os sintomas. Um paciente com neuropatia óptica pode sentir dor ao mover o olho e perda temporária da visão.

Como é o diagnóstico da neuropatia?

A neuropatia tem muitas causas potenciais. Além de um exame físico com neurologista, o diagnóstico geralmente requer:

  • Histórico clínico completo: O médico revisará o histórico do paciente, incluindo sintomas, estilo de vida, hábitos de consumo de álcool e fumo, exposição a toxinas e histórico familiar de doenças do sistema nervoso (neurológicas)
  • Exame neurológico: O especialista pode verificar tônus e força muscular, reflexos de tendões e membros, coordenação, postura e capacidade de sentir certas sensações O profissional pode solicitar ainda outros exames complementares:
  • Testes de sangue: Exames de sangue para detectar diabetes, deficiências vitamínicas, função imunológica anormal e outras condições que podem causar o problema
  • Exames de imagem: A ressonância magnética e a tomografia computadorizada são capazes de procurar nervos comprimidos, hérnias de disco, tumores ou outras condições anormais que atingem os ossos e vasos sanguíneos
  • Testes de função nervosa: Por meio de uma agulha fina, a eletromiografia consegue registrar a atividade elétrica nos músculos e detectar danos nos nervos
  • Biópsia de nervo: Envolve a remoção de uma porção pequena de um nervo para procurar anormalidades, em geral um nervo sensorial
  • Biópsia de pele: Uma porção pequena de pele é removida para analisar uma possível diminuição das terminações nervosas

Qual é o tratamento para neuropatia?

Os objetivos dos tratamentos são controlar a condição que causa a neuropatia e aliviar os sintomas. Se os testes não indicarem nenhuma enfermidade relacionada, o médico pode recomendar um período de observação para ver se o distúrbio melhora.

Medicação

Além dos medicamentos usados para tratar condições associadas à neuropatia, os remédios usados para aliviar os sinais e sintomas incluem:

  • Analgésicos: De venda livre, como anti-inflamatórios não esteroides, podem aliviar os sintomas leves. Para sintomas mais graves, o especialista pode prescrever analgésicos. Medicamentos contendo opioides são capazes de levar à dependência, portanto, geralmente não são prescritos, a menos que todos os outros tratamentos falhem
  • Anticonvulsivos: Medicamentos como gabapentina e pregabalina, desenvolvidos para tratar a epilepsia, podem aliviar a dor nos nervos. Efeitos colaterais podem incluir tontura e sonolência
  • Tópicos: O creme de capsaicina, que contém uma substância encontrada nas pimentas, pode causar alguma melhoria nos sintomas. Adesivos de lidocaína são outro tratamento que pode oferecer alívio

  • Antidepressivos: Certos antidepressivos ajudam a aliviar a dor, interferindo nos processos químicos do cérebro e da medula espinhal

Terapias

Várias terapias e procedimentos podem ajudar a aliviar os sintomas da neuropatia periférica. Alguns são úteis para todos os casos, outros apenas para uma causa específica.

  • Estimulação elétrica nervosa transcutânea: Eletrodos colocados na pele fornecem uma corrente elétrica suave em frequências variadas. A estimulação deve ser aplicada por 30 minutos diariamente por cerca de um mês
  • Imunoglobulina intravenosa e troca de plasma: Esses procedimentos auxiliam a suprimir a atividade do sistema imunológico e podem beneficiar pessoas com certas condições inflamatórias
  • Fisioterapia: Se o paciente tem fraqueza muscular, a fisioterapia ajuda a melhorar seus movimentos. Ele também pode precisar de suportes para as mãos ou pés, uma bengala, um andador ou uma cadeira de rodas
  • Cirurgia: Se a neuropatia for causada por pressão nos nervos, o que é capaz de ocorrer devido a tumores, pode ser necessário realizar o procedimento cirúrgico para intervenção

Como é a prevenção?

A maneira mais eficaz de prevenção para a neuropatia é fazer o controle das condições de risco, como diabetes, artrite reumatoide ou alcoolismo. A pessoa deve realizar escolhas saudáveis de estilo de vida.

Os seguintes hábitos ajudam a saúde dos nervos:

  • Alimentação: Mantenha uma dieta rica em vegetais, frutas, proteínas magras e grãos integrais. Consuma vitamina B-12 ingerindo peixes, carnes, ovos, cereais fortificados e laticínios com baixo teor de gordura
  • Exercite-se regularmente: Tente fazer, no mínimo, de 30 minutos a uma hora de exercícios três vezes por semana, pelo menos, com a aprovação do médico
  • Proteja os nervos: Evite fatores que possam danificar os nervos, como movimentos repetitivos, posições apertadas que pressionam os nervos (neuropatia por compressão), exposição a produtos tóxicos, tabagismo e excesso de álcool.
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