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ATÉ
60%A doença de Kawasaki, também conhecida como síndrome linfonodal mucocutânea, é uma vasculite, ou seja, uma inflamação generalizada dos vasos sanguíneos.
Uma das principais características da enfermidade é o início com febre alta e prolongada, e o risco de aneurismas nas artérias coronárias (dilatações nas artérias do coração).
Trata-se de uma condição rara, mas que é, ao mesmo tempo, uma das vasculites mais comuns durante a infância.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a doença de Kawasaki afeta quase exclusivamente crianças, sendo que 85% dos casos ocorrem em pacientes com menos de 5 anos, especialmente entre os 18 e 24 meses de idade.
A condição foi descrita pela primeira vez em 1967 pelo pediatra japonês Dr. Tomisaku Kawasaki, que observou um padrão distinto de sintomas em crianças pequenas.
Desde então, tornou-se uma das principais causas de doença cardíaca adquirida na infância em países desenvolvidos, especialmente no Japão e em países ocidentais.
Quais são os principais sintomas?
A doença de Kawasaki evolui em três fases principais: fase aguda, fase subaguda e fase de convalescença. Cada uma delas apresenta manifestações clínicas distintas:
Fase aguda (dias 1 a 10)
É o período mais intenso da doença, marcado por febre alta e sinais inflamatórios evidentes. Os principais sintomas nesta fase incluem:
- Febre alta persistente, geralmente acima de 39°C, que dura mais de 5 dias e não responde bem a antitérmicos comuns
- Conjuntivite sem secreção
- Dor de cabeça
- Lábios secos, rachados e avermelhados
- Língua intensamente vermelha, com aspecto de “língua em framboesa”
- Vermelhidão nas mucosas da boca
- Manchas avermelhadas irregulares que se espalham pelo tronco e membros, geralmente sem coceira
- Vermelhidão na cicatriz da vacina BCG no braço
- Inchaço, calor e vermelhidão nas palmas das mãos e plantas dos pés
- Aumento de linfonodos (ínguas) no pescoço, geralmente unilaterais, maiores que 1,5 cm de diâmetro
- Artrite (dor e inchaço nas articulações)
- Irritabilidade e choro intensos devido ao desconforto
Nem sempre todos esses sinais estão presentes e eles também podem surgir em sequência.
Dessa forma, é importante relatar todas as alterações ao pediatra durante a consulta, mesmo que elas pareçam sem importância. Além disso, é indicado registrar com fotos as manchas na pele e mucosas, pois muitas vezes elas desparecem antes do atendimento médico.
Fase subaguda (dias 11 a 25)
Nesta fase, alguns sintomas da fase aguda começam a desaparecer, mas surgem novas manifestações, especialmente cardiovasculares:
- Descamação da pele, principalmente nas pontas dos dedos das mãos e dos pés, e nas áreas das fraldas
- Persistência de febre baixa ou flutuante (em alguns casos)
- Trombocitose (aumento do número de plaquetas no sangue)
- Complicações cardíacas (risco elevado de desenvolvimento de aneurismas nas artérias coronárias, miocardite, pericardite e arritmias)
Esse é o momento de maior risco para complicações cardíacas. Por isso, o monitoramento com ecocardiograma é fundamental.
Fase de convalescença (a partir do dia 26 até 6-8 semanas após o início da febre)
É o período de recuperação clínica e laboratorial. Os sintomas são mais leves ou ausentes, mas ainda há risco de sequelas:
- Desaparecimento dos sinais clínicos visíveis
- Normalização gradual dos exames laboratoriais (plaquetas e marcadores inflamatórios)
- Persistência ou regressão dos aneurismas coronarianos, caso tenham se formado
- Fadiga ou irritabilidade leve residual (em alguns casos)
O que causa doença de Kawasaki?
A causa exata da doença de Kawasaki ainda não é completamente compreendida.
No entanto, acredita-se que ela seja desencadeada por uma resposta imunológica exacerbada, provavelmente a um agente infeccioso (como um vírus ou bactéria) em indivíduos geneticamente predispostos.
Algumas hipóteses incluem:
- Infecções respiratórias virais (adenovírus, enterovírus, coronavírus, entre outros
- Resposta imune anormal com liberação de citocinas inflamatórias
- Fatores ambientais, ainda não bem definidos
Vale destacar que a doença não é considerada contagiosa, ou seja, não se transmite diretamente de pessoa para pessoa.
Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da doença?
Alguns fatores de risco para a doença de Kawasaki são:
- Idade: a maioria dos casos ocorre em crianças entre 6 meses e 5 anos (raramente afeta adolescentes e adultos)
- Sexo: meninos têm uma leve predominância em relação às meninas
- Genética: Há indícios de predisposição genética, já que irmãos de crianças acometidas têm um risco maior de desenvolver a doença
- Sazonalidade: em muitos países, os casos se concentram em meses mais frios
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da doença de Kawasaki é basicamente clínico, feito inicialmente por um pediatra, baseado na presença de sintomas clássicos, como febre alta persistente por mais de cinco dias.
Com a suspeita da doença, o paciente deve ser encaminhado para um reumatologista ou cardiologista pediátrico, para que seja acompanhado até os sintomas se resolverem.
Como não existe um exame específico que confirme a doença, diversos testes laboratoriais e de imagem são usados para auxiliar no diagnóstico e descartar outras causas:
- Exames de sangue (hemograma) e de urina
- Ecocardiograma (essencial para avaliar a presença de dilatações ou aneurismas nas artérias coronárias)
- Eletrocardiograma
- Raio-X do tórax
Doença de Kawasaki tem cura? Como é feito o tratamento?
Sim, a doença de Kawasaki tem cura, especialmente quando o diagnóstico é precoce e o tratamento é iniciado nos primeiros 10 dias de sintomas.
O principal objetivo do tratamento é reduzir a inflamação dos vasos sanguíneos e prevenir complicações cardíacas e inclui o uso de imunoglobulina intravenosa (IVIG), ácido acetilsalicílico (AAS) e corticosteroides ou imunossupressores.
Com tratamento adequado, de acordo com dados da American Heart Association (AHA) e Centers for Disease Control and Prevention (CDC), mais de 95% das crianças se recuperam completamente. No entanto, se a doença não for tratada a tempo, até 25% dos pacientes podem desenvolver aneurismas coronarianos, com risco de infarto, arritmias e morte súbita.
Existem maneiras de prevenir a doença de Kawasaki?
Atualmente, ainda não existe uma forma específica de prevenir a doença de Kawasaki, justamente porque sua causa exata continua desconhecida.
Como não é uma condição contagiosa nem relacionada a hábitos de vida, a prevenção tradicional (como higiene, alimentação saudável ou vacinação) não garantem proteção.
No entanto, há algumas orientações importantes:
- Atenção aos sintomas: pais e responsáveis devem estar atentos a crianças com febre prolongada e outros sintomas associados. A rapidez no diagnóstico é fundamental para o sucesso do tratamento
- Acompanhamento pediátrico regular: consultas de rotina ajudam a detectar sinais precoces de forma eficaz
- Histórico familiar: irmãos de crianças que já tiveram a doença devem ser monitorados com maior atenção em caso de sintomas semelhantes
Referências bibliográficas:
Cleveland Clinic - Kawasaki disease
Mayo Clinic - Kawasaki Disease
NHS - Kawasaki disease
CDC - About Kawasaki Disease
National Library of Medicine - Kawasaki Disease
Johns Hopkins Medicine - Kawasaki Disease
Manual MSD - Doença de Kawasaki