Saúde V

Enfrentando o luto: conheça as cinco fases de uma perda

Publicado em 25/11/2025

Os estágios do término são negação, raiva, negociação, depressão e aceitação

Quando ocorre o sentimento de luto?

A perda de uma pessoa querida e o término ou ruptura de um vínculo são alguns dos momentos mais desafiadores da vida adulta. O luto por esses acontecimentos é um dos fatores traumáticos capazes de desencadear crises emocionais, com tristeza profunda, ansiedade, melancolia e outros sintomas depressivos.

Além de emocional, a dor sentida também é física e psicológica. O luto é uma causa de estresse que ocorre por uma resposta emocional normal de sofrimento, que acontece após a interrupção de uma conexão afetiva muito forte, seja com uma pessoa, animal, objeto, lar ou com um bem imaterial, como o emprego, por exemplo.

Essa sensação de perda pode levar a emoções fortes e provocar raiva, descrença, culpa ou infelicidade. É comum sentir ainda desconfortos clínicos, como dores de cabeça e pelo corpo, náusea, vômitos, diarreias e outros problemas gastrointestinais, falta de apetite, compulsão por comida, insônia e outros distúrbios do sono ou alimentares, e até alergia emocional ou outras somatizações físicas.

Os sentimentos negativos, de pesar e lamento constituem o processo. É necessário entender que a dor pela perda tem um ciclo, diminuindo com o tempo.

Quais são as 5 fases do luto?

As perdas importantes da vida são processadas em fases de luto. São etapas que não seguem uma ordem fixa, se repetem ou se sobrepõem, mas estruturam a reação emocional por um término ou ruptura de um determinado modo de vivência cotidiana.

As 5 fases do luto são as seguintes:

Negação: a mente tenta evitar a dor e é comum não acreditar totalmente que a perda ocorreu. Esta reação pode ainda ser acompanhada de um afastamento das outras pessoas, que geralmente serve para ajudar a aliviar a dor e outros efeitos negativos que este tipo de notícia traz.

Raiva: surge a revolta pelo trauma, que se manifesta em irritação, ressentimento ou busca de culpados. É uma fase em que sentimentos intensos afloram e costumam ser direcionados tanto às outras pessoas quanto a si mesmo.

Negociação (barganha): o indivíduo tenta encontrar maneiras de “reverter” a situação, propondo mudanças, prometendo que as coisas seriam diferentes. É uma fase marcada por esperança e, ao mesmo tempo, por fragilidade emocional. A pessoa tenta negociar para reverter ou minimizar a perda, evitando a realidade.

Depressão: se desenvolve quando o nível de tristeza está profundo e não há mais força emocional para lutar contra a perda e o fim. É o estágio mais doloroso, em que a pessoa percebe de fato o ocorrido. Há ainda fragilidade, insegurança, ansiedade, desesperança, desamparo, desânimo e sensação de vazio. Apesar da dor intensa, essa fase é necessária para o processo.

Aceitação: compreende-se, enfim, a ruptura, começando a enxergar novas possibilidades para a vida. É um momento para o recomeço, recuperar os hábitos que tinha antes do acontecimento, retomar a rotina diária normal e voltar a estar mais disponível para as relações sociais com amigos e família.

O que é o luto patológico?

A diferenciação entre o luto comum e o luto patológico é importante para entender como o processo de lidar com a perda varia e quando é preciso buscar auxílio profissional.

O luto comum é a resposta natural e saudável ao trauma sofrido. Ele inclui os sentimentos citados anteriormente, como tristeza, raiva, culpa e até sintomas físicos. Embora seja doloroso, permite que a pessoa comece eventualmente a aceitar a perda e a encontrar maneiras de seguir em frente.

A duração do processo varia, mas, geralmente, os sintomas começam a diminuir em intensidade com o passar do tempo e a pessoa consegue retomar suas atividades diárias, ainda que a perda continue a ser sentida.

Já o luto patológico, também chamado de luto complicado, ocorre quando o processamento de término é prolongado e interfere de maneira significativa na capacidade da pessoa de funcionar no dia a dia. Este tipo é capaz de surgir em qualquer pessoa ou idade, porém é mais comum em mulheres.

Alguns sinais que indicam um processo de luto “não saudável” ou patológico, caso se mantenham por vários meses, são:

Desejo persistente por estar com a pessoa que se perdeu

Ter dificuldade para acreditar na morte do ente querido

Sentir autoculpa

Desejar morrer para estar com a pessoa

Perder a confiança nos outros

Não ter mais vontade para viver

Ter dificuldade para manter amizades ou atividades diárias

Não conseguir se planejar com antecedência

Sentir sofrimento desproporcional com o que é considerado “normal”

Como enfrentar o luto?

Não existe uma maneira certa ou errada de lidar com a dor da perda, cada pessoa enfrenta o fato de forma única e não existe um prazo definido para superar. É importante vivenciar o processo de luto no seu ritmo, com paciência, sem se sentir pressionado e sem se comparar com ninguém.

É o momento de procurar outras formas de aliviar a tristeza e a apatia, como ocupar o tempo e a mente com atividades que deem prazer, estar entre amigos e familiares e falar o que sente. Isso ajuda aceitar o fim e encontrar um novo significado para a vida seguir adiante.

Para evitar o estresse, é bom realizar atividades relaxantes, como conversar com amigos, praticar atividades físicas, passear, descobrir novos hobbies ou simplesmente se permitir descansar, para diminuir a produção de hormônios do estresse, como cortisol e adrenalina.

Esses momentos de relaxamento também promovem a liberação de endorfinas pelo corpo, que são substâncias que dão sensação de bem-estar, chamadas de analgésico natural.

Além disso, pessoas que sofrem muito com o estresse também podem fazer psicoterapia, de forma a identificar formas de aprender a lidar com as emoções desafiadoras.

Alguns remédios naturais conseguem reduzir a sensação de ansiedade e outras reações negativas, como o chá de camomila ou de passiflora, por exemplo, por terem propriedades calmantes ou relaxantes.

Outra alternativa é uma dieta incluindo alimentos ricos em vitaminas do complexo B, como carne vermelha, leite ou gérmen de trigo, pois melhoram o funcionamento do organismo, ajudando a manter a calma e a prevenir o estresse.

Quais são as dicas para superar a perda?

Reconhecer que a dor faz parte do processo do luto é o primeiro passo, mas é interessante adotar estratégias que ajudem na recuperação emocional. A primeira delas é permitir-se sentir a tristeza pela perda, honrando aquela relação teve importância na sua vida.

Tentar controlar os sentimentos ou se pressionar para “superar rápido” não é natural. Lamentar, chorar, sentir tristeza ou raiva faz parte do processo de cura. O fundamental é não transformar essas emoções em culpa.

Evite se isolar completamente do convívio social, pois isso potencializa a recuperação emocional. Conversar e compartilhar sentimentos com pessoas próximas (amigos e familiares de confiança) traz apoio, consolo, companhia e possibilita enxergar a situação de outros pontos de vista.

Procure manter contato com pessoas queridas, participar de atividades coletivas ou até se envolver em projetos voluntários. A solidão parece confortável em alguns momentos, mas o isolamento prolongado tende a intensificar a tristeza.

Há a possibilidade ainda de escrever sobre os sentimentos para organizar as ideias. Registrar pensamentos em um diário ou em notas é uma forma de aprender a perceber as emoções, dar sentido ao que se está vivendo, a liberar sentimentos acumulados e a visualizar avanços no processo de superação.

Outras medidas saudáveis são cuidar da rotina de sono e de alimentação balanceada, pontos cruciais para fortalecer a mente.

É essencial ainda não buscar recursos de entretenimento em substâncias que podem ser viciantes, como álcool e outras drogas, uma vez que o momento de fraqueza é capaz de aumentar as chances de dependência química.

Quando buscar ajuda de um profissional de saúde mental?

Em algumas situações, o luto é responsável por crises de ansiedade, ataques de pânico, tristeza constante, anedonia (perda de interesse em praticar atividades antes prazerosas), apatia, postura depressiva ou outras reações preocupantes.

Se você sentir que não consegue lidar sozinho com a perda, procurar um psicólogo não é nenhum sinal de fraqueza, mas que está focado em cuidar da sua saúde e não ter sua rotina prejudicada. A psicoterapia conseguirá acelerar o processo de cura, autoconhecimento e mostrar ferramentas para conviver melhor com os sentimentos.

Preste atenção aos sinais capazes de apontar para um tipo de luto patológico:

Persistência da dor intensa

Foco excessivo na perda

Dificuldade em aceitar a realidade

Isolamento social

Dificuldade em retomar tarefas diárias e manter relacionamentos

Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva

Sintomas físicos continuados

Se esses sintomas se mantiverem por um período prolongado (vários meses) e interferirem significativamente na sua vida, é necessário buscar a ajuda de um profissional da área, para obter estratégias de enfrentamento e tratamentos adequados para auxiliar a lidar com a perda de maneira saudável.

Procure a ajuda necessária para a sua saúde mental com a Vale Saúde. Encontre um psicólogo ou psiquiatra perto de você. Saiba mais!