Medicamento está disponível em todo o mundo, mas uso sem prescrição oferece riscos à saúde
O que é omeprazol? Saiba a origem de um dos principais remédios gástricos
O omeprazol é um medicamento amplamente conhecido e utilizado em todo o mundo no tratamento de problemas relacionados ao estômago e ao esôfago.
Ele pertence à classe dos inibidores da bomba de prótons (IBP), um grupo de fármacos que atuam reduzindo a produção de ácido no estômago. Essa ação é essencial para o alívio de sintomas como azia, refluxo, má digestão e para o tratamento de doenças como gastrite e úlcera.
O desenvolvimento do omeprazol aconteceu na década de 1970, quando pesquisadores buscavam alternativas mais eficazes e duradouras do que os medicamentos disponíveis até então, como os antiácidos convencionais.
Após diversos estudos clínicos, a medicação começou a ser comercializada em 1988, revolucionando o tratamento das doenças do trato gastrointestinal.
Hoje, o omeprazol é considerado um dos remédios mais prescritos do mundo. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64,9 milhões de unidades do medicamento foram consumidas no Brasil apenas em 2022.
Os números são justificados pelo fácil acesso aos comprimidos. Com opções genéricas e sem a necessidade de retenção de receita, os brasileiros conseguem adquirir o omeprazol em qualquer farmácia.
Entretanto, o uso abusivo e sem prescrição e orientação médica é capaz de causar problemas sérios de saúde, principalmente a longo prazo.
Para que é indicado o omeprazol?
O omeprazol é indicado em diferentes situações relacionadas à produção excessiva de ácido no estômago. Entre as principais indicações médicas, estão:
- Refluxo gastroesofágico
- Gastrite
- Úlceras gástricas e duodenais
- Síndrome de Zollinger-Ellison, doença rara caracterizada pela produção exagerada de ácido no estômago devido a tumores produtores de gastrina
- Proteção do estômago durante o uso de medicamentos agressivos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), capazes de causar lesões na mucosa estomacal
Além disso, o omeprazol muitas vezes é utilizado em associação com antibióticos no tratamento da bactéria Helicobacter pylori, uma das principais causas de gastrite e úlceras.
Como tomar omeprazol? Conheça a posologia da medicação
A posologia do omeprazol varia conforme a doença que está sendo tratada, a gravidade do quadro e a orientação médica. Em geral, as recomendações mais comuns são:
- Para refluxo e gastrite leve: 20 mg ao dia, geralmente pela manhã
- Para úlceras gástricas ou duodenais: entre 20 mg e 40 mg ao dia, dependendo da gravidade
- Em casos de síndrome de Zollinger-Ellison: doses mais altas tendem a ser necessárias, sob acompanhamento médico rigoroso
O medicamento deve ser ingerido inteiro, sem mastigar ou abrir a cápsula, de preferência em jejum, cerca de 30 minutos antes da primeira refeição do dia, com objetivo de garantir absorção e ação mais eficazes.
É importante ressaltar que o tempo de tratamento não deve ser prolongado sem orientação médica.
Muitos pacientes sentem alívio rápido dos sintomas e acreditam que podem usar o omeprazol de forma contínua, mas o uso inadequado gera consequências para a saúde, como falaremos a seguir.
Riscos e efeitos colaterais: é perigoso tomar omeprazol por muito tempo e sem prescrição médica?
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha por encomenda do Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontou que 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos 6 meses tinham como hábito fazê-lo sem prescrição médica.
Esse é um dado preocupante, principalmente considerando o consumo de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), como o omeprazol. Apesar de ser considerada segura, essa substância pode causar efeitos colaterais, ainda mais quando utilizado em doses elevadas ou por tempo prolongado.
Entre os mais comuns, estão:
- Gases
No entanto, o maior risco está associado ao uso crônico do medicamento. Diversas pesquisas nacionais e estrangeiras já focaram no uso contínuo de omeprazol, sem acompanhamento médico, e concluíram que há riscos sérios como:
- Deficiência de vitamina B12: o ácido estomacal é essencial para a absorção adequada dessa vitamina
- Deficiência de magnésio e cálcio: aumentando o risco de osteoporose e fraturas
- Maior risco de infecções gastrointestinais: como Clostridium difficile (bactéria causadora da colite e de inflamações estomacais), já que a acidez natural do estômago ajuda a combater agentes nocivos
- Problemas renais: há uma possível associação entre o uso prolongado de IBPs e doenças renais crônicas, que ainda está sob análises científicas
- Câncer gástrico: a redução da acidez do estômago favorece a proliferação de bactérias responsáveis por transformar nitratos de alimentos em substâncias cancerígenas, como o nitroso
Por isso, é importante tomar a medicação apenas durante o período recomendado pelo médico.
Quem não deve usar esse medicamento?
Apesar de ser amplamente prescrito, o omeprazol não é indicado para todos. Algumas situações em que seu uso deve ser evitado ou feito com cautela incluem:
- Alergia ao omeprazol ou a outros inibidores da bomba de prótons
- Pacientes com problemas hepáticos graves
- Uso em conjunto de outros medicamentos, como anticoagulantes e alguns antivirais, pois pode haver interação medicamentosa e efeitos colaterais
Pantoprazol é o mesmo que o omeprazol?
Tanto o omeprazol quanto o pantoprazol pertencem à mesma classe de medicamentos (inibidores da bomba de prótons) e têm a mesma função de reduzir a produção de ácido no estômago.
No entanto, eles diferem em alguns aspectos:
- Potência e duração do efeito: estudos mostram que o pantoprazol têm uma ação mais prolongada em alguns pacientes
- Interações medicamentosas: o pantoprazol costuma apresentar menos interações com outros medicamentos em comparação ao omeprazol
- Disponibilidade: o omeprazol é mais conhecido e amplamente disponível em versões genéricas
Na prática clínica, a escolha entre um e outro depende da avaliação médica e da resposta individual do paciente.
A importância de visitas ao gastroenterologista em caso de dores no estômago
É comum que muitas pessoas, ao sentir queimação no estômago, recorram ao uso de omeprazol por conta própria.
No entanto, além de todas as complicações que citamos acima, esse hábito ainda consegue mascarar sintomas de doenças mais graves, como úlceras profundas, gastrite erosiva ou até mesmo câncer de estômago.
O acompanhamento com um gastroenterologista é essencial, principalmente quando os sintomas são frequentes ou persistem por mais de algumas semanas.
O médico poderá solicitar exames como endoscopia digestiva, para investigar a causa real do desconforto e indicar o tratamento adequado.
Além disso, o especialista orienta sobre mudanças no estilo de vida que ajudam no controle da acidez, como:
- Evitar alimentos gordurosos, frituras e bebidas alcoólicas
- Reduzir o consumo de café e refrigerantes
- Não se deitar logo após as refeições
- Praticar atividades físicas regularmente
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Referências
Conselho Regional de Farmácia de Sergipe
Conselho Regional de Farmácia do Piauí
Brazilian Journal of Health Review
Escrito por Vale Saúde
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