Amiloidose
Grupo de doenças raras é causado pelo acúmulo de proteínas insolúveis no corpo
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60%A amiloidose é uma doença rara, complexa e potencialmente grave, caracterizada pelo acúmulo anormal de proteínas chamadas amiloides nos tecidos e órgãos do corpo.
Essas proteínas se agrupam e formam depósitos insolúveis, prejudicando a função normal dos órgãos afetados. A amiloidose segue sendo um desafio complicado para os médicos, tanto no diagnóstico quanto no tratamento, especialmente por sua variedade de formas e sintomas.
As amiloides assumem uma estrutura em fibrilas (estruturas alongadas, finas e em forma de filamento) e se agrupam de maneira mal dobradas, se empilhando umas nas outras.
Assim, elas não conseguem ser eliminadas pelo organismo de modo eficaz e tendem a se acumular fora das células, nos tecidos e órgãos, formando os chamados depósitos amiloides.
Quando há a concentração dessas proteínas em órgãos como coração, rins, fígado, nervos e trato gastrointestinal, há o comprometimento de suas funções naturais, causando manifestações variadas e insuficiência.
Se não for identificada e tratada a tempo, a amiloidose é capaz de causar morte.
Quais são os tipos de amiloidose?
A amiloidose não é uma única doença, mas sim um conjunto de enfermidades com diferentes causas e tipos de proteínas amiloides envolvidas.
Os principais exemplos são:
Amiloidose AL (primária)
É o tipo mais comum de amiloidose sistêmica. A letra “L” se refere à cadeia leve de imunoglobulina, que é produzida em excesso por células anormais da medula óssea, geralmente em associação com condições como mieloma múltiplo (câncer que afeta as células de defesa do corpo).
Essas cadeias leves formam depósitos amiloides que se acumulam em órgãos como coração, rins, fígado e nervos.
Amiloidose AA (secundária)
Esse tipo está associado a doenças inflamatórias crônicas, como artrite reumatoide, tuberculose ou doença inflamatória intestinal.
A proteína envolvida é o SAA (soro amiloide A), produzida pelo fígado durante processos inflamatórios prolongados. Os rins são os órgãos mais frequentemente afetados nessas situações.
Amiloidose hereditária (ou familiar)
É causada por mutações genéticas que resultam na produção de proteínas anormais propensas a formar depósitos amiloides.
A mais comum é resultado da mutação na proteína transtirretina (TTR). É uma condição hereditária, que consegue afetar principalmente os nervos periféricos e o coração.
Amiloidose por transtirretina senil (ATTR selvagem)
Afeta principalmente idosos, sendo causada pelo acúmulo de transtirretina normal. Essa forma tende a afetar o coração, levando à insuficiência cardíaca.
Amiloidose localizada
Neste caso, os depósitos de amiloide ocorrem em locais específicos do corpo, como a laringe, bexiga ou pele, geralmente sem afetar órgãos sistêmicos. Pode ocorrer de forma isolada, sem associação com outras doenças.
Quais são os principais sintomas?
Os sintomas da amiloidose variam muito, dependendo principalmente dos órgãos afetados e do tipo da doença. Em geral, a progressão é lenta, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Entre os sinais mais comuns estão:
- Fadiga e fraqueza generalizada
- Perda de peso sem explicação aparente
- Inchaço nas pernas (edema)
- Falta de ar
- Arritmias ou insuficiência cardíaca
- Neuropatia periférica (formigamento, dormência e dor)
- Problemas gastrointestinais (diarreia, constipação e náuseas)
- Dificuldade para urinar
- Disfunção sexual
- Síndrome do túnel do carpo
- Alterações na pele ou sangramentos fáceis (devido ao comprometimento de vasos)
Essas manifestações muitas vezes são confundidas com outras doenças, o que pode atrasar o início do tratamento.
O que causa amiloidose?
A causa da amiloidose varia conforme o tipo da doença:
- AL (primária): é causada pela produção anormal de cadeias leves por células plasmáticas, ocorrendo isoladamente ou como parte de outras doenças hematológicas, como o mieloma múltiplo
- AA (secundária): decorre de inflamação crônica e prolongada, em que há produção excessiva da proteína SAA pelo fígado
- Hereditária: resulta de mutações genéticas em proteínas específicas, como a transtirretina
- Senil (ATTR selvagem): está relacionada ao envelhecimento e à instabilidade natural da transtirretina, mesmo sem mutações
- Localizada: as causas não são totalmente compreendidas, mas especialistas acreditam que fatores locais (de tecidos ou regiões do corpo) são capazes de induzir a formação de depósitos amiloides
Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da doença?
Os fatores de risco também variam de acordo com o tipo de amiloidose, mas entre os principais estão:
- Idade avançada: especialmente no caso da amiloidose senil
- Histórico familiar: No caso das formas hereditárias
- Doenças crônicas inflamatórias: como artrite reumatoide, tuberculose e doença de Crohn
- Doenças hematológicas: como mieloma múltiplo
- Sexo masculino: homens têm maior risco para algumas formas, especialmente a senil
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da amiloidose é desafiador e geralmente exige uma combinação de métodos. Na maioria dos casos, envolve a participação de uma série de especialistas, incluindo clínico geral, reumatologista, cardiologista, hematologista, nefrologista, neurologista e dermatologista.
O primeiro passo, no entanto, costuma ser feito pelo clínico geral, já que os sintomas são inespecíficos e lentos.
Para identificar a doença, é necessária a realização de avaliação clínica e análise do histórico médico, com objetivo de investigar os sintomas, presença de doenças associadas e histórico familiar.
Depois, são solicitados exames como:
- Eletroforese de proteínas séricas e urinárias (pesquisa de cadeias leves)
- Dosagem de biomarcadores cardíacos (troponina, BNP)
- Exames de função renal e hepática
- Biópsia de tecidos: essencial para confirmar o diagnóstico. Pode ser feita na gordura abdominal, gengiva, reto ou em órgãos afetados
- Imunotipagem e estudo genético: para identificar o tipo de proteína amiloide e diferenciar formas hereditárias
- Exames de imagem: ecocardiograma, ressonância magnética cardíaca e cintilografia com pirofosfato de tecnécio (para amiloidose ATTR), que ajudam a avaliar o comprometimento cardíaco
Amiloidose tem cura? Como é feito o tratamento?
Infelizmente, não há cura definitiva para a maioria dos tipos de amiloidose, mas há tratamentos que podem melhorar significativamente os sintomas, retardar a progressão da doença e aumentar a qualidade e expectativa de vida.
O tratamento depende do tipo da doença:
- Amiloidose AL: inclui quimioterapia (semelhante ao tratamento do mieloma múltiplo), uso de medicamentos como bortezomibe, daratumumabe e transplante de medula óssea
- Amiloidose AA: o foco é controlar a doença de base inflamatória. Medicamentos imunossupressores costumam ser usados
- Amiloidose hereditária: tratamentos específicos como tafamidis, patisiran e inotersena ajudam a estabilizar ou silenciar a proteína transtirretina
- Amiloidose senil: uso de estabilizadores de TTR e medidas de suporte clínico
O acompanhamento médico regular é essencial para controlar a progressão e ajustar o tratamento conforme os sintomas evoluem.
Existem maneiras de prevenir a amiloidose?
Nem sempre é possível prevenir a amiloidose. No entanto, dependendo do tipo da doença, há algumas formas de prevenção ou controle antecipado:
- Para a forma secundária (AA): o controle eficaz de doenças inflamatórias crônicas é a principal maneira de prevenção
- Para a forma hereditária: embora não possa ser evitada, o aconselhamento genético e o diagnóstico precoce em familiares permitem o tratamento preventivo antes do aparecimento dos sintomas graves
- Para outras formas (AL e senil): não há prevenção direta, mas o diagnóstico precoce e o tratamento de condições pré-existentes, como doenças hematológicas, conseguem ajudar a minimizar o risco de desenvolvimento da doença
Além disso, manter um estilo de vida saudável, controlar doenças crônicas e realizar exames médicos regulares muitas vezes facilita a detecção precoce e o cuidado necessário para tratar a condição.
Referências bibliográficas:
Johns Hopkins Medicine -Amyloidosis
Mayo Clinic -Amyloidosis
Cleveland Clinic -Amyloidosis
National Library of Medicine -Amyloidosis
NHS -Amyloidosis
MSD Manual -Amyloidosis
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