Intoxicação por metanol: sintomas exigem atendimento urgente
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Confusão mental, cólicas e visão turva são sinais de alerta para possível envenenamento pela substância
O que é o metanol? Conheça a substância responsável por envenenamentos em São Paulo
Nas últimas semanas, o Brasil entrou em alerta devido a casos de intoxicação por metanol principalmente no estado de São Paulo. Os quadros envolvem sintomas graves, como confusão mental, cegueira e dor abdominal intensa. Também foram registrados óbitos.
O metanol, também chamado de álcool metílico, é um agente químico altamente tóxico, incolor e de cheiro semelhante ao de bebidas alcóolicas comuns. Diferente do etanol (presente em bebidas), ele é usado na indústria como solvente, combustível e na produção de tintas, vernizes e plásticos.
O metanol não deve ser consumido em hipótese alguma. Quando ingerido, inalado ou absorvido pela pele até em pequenas quantidades, causa grave intoxicação, levando a sequelas irreversíveis ou até à morte, como as que ocorreram ao longo do mês de setembro.
No geral, casos de envenenamento por metanol são raros no Brasil. De acordo com o atual Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o país registra cerca de 20 notificações por ano de intoxicação pela substância. No entanto, somente em setembro de 2025, já foi identificada a mesma quantidade.
Os números geram um alerta principalmente sobre os sintomas de possíveis envenenamentos, que devem ser diagnosticados e tratados o quanto antes, a fim de evitar consequências sérias.
Como o metanol age no organismo?
O perigo do metanol está na forma como o organismo o processa. Quando ingerido, ele é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal e passa pelo fígado, onde sofre metabolização.
Nesse processo, ele se transforma em duas substâncias ainda mais perigosas: formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos e que interferem em diversas funções do corpo.
O ácido fórmico, por exemplo, afeta o sistema nervoso central, causa danos à retina e consegue levar à cegueira. Além disso, interfere no equilíbrio ácido-base do sangue, gerando acidose metabólica grave, uma condição que capaz de gerar colapso de órgãos vitais.
A ação do metanol não é imediata. Os sintomas costumam aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão, mas podem surgir depois de até 48 horas, o que dificulta a identificação precoce e muitas vezes atrasa o atendimento médico adequado.
Quais os sintomas da intoxicação por metanol?
Os sintomas da intoxicação por metanol variam de acordo com a quantidade ingerida e o tempo que se passou desde a exposição.
Inicialmente, eles se confundem com os de abuso de álcool ou até uma ressaca comum, o que aumenta o risco de não identificar o problema.
A manifestação do quadro se altera, ainda, com o tempo transcorrido desde o consumo da substância.
Sintomas iniciais (primeiras 6h):
Náuseas e vômitos
Dor abdominal intensa
Falta de coordenação motora
Confusão mental
Taquicardia
Pressão arterial baixa
Fadiga e fraqueza
Tontura e dor de cabeça forte
Dificuldade para respirar
Entre 6 e 24h:
Visão embaçada ou turva
Sensação de “neblina” visual ou pontos escuros
Fotofobia
Pupilas dilatadas
Perda da visão das cores
Convulsões
Perda da consciência
Coma
Em casos mais graves, há a evolução do quadro para:
Cegueira irreversível
Choque
Pancreatite
Insuficiência renal
Necrose de gânglios da base com tremor, rigidez e lentidão dos movimentos
Sinais de alerta: quando procurar atendimento médico?
A intoxicação por metanol é uma emergência médica. Portanto, qualquer suspeita de ingestão acidental ou proposital exige atendimento imediato.
Deve-se procurar um hospital com urgência se houver:
Ingestão de bebida alcoólica de origem duvidosa ou clandestina
Aparecimento de sintomas visuais, como visão embaçada ou pontos pretos
Dor abdominal acompanhada de náusea e vômito após consumo de álcool suspeito
Alterações neurológicas, como sonolência excessiva, confusão mental ou convulsões
Nesses casos, não é indicado esperar que os sintomas passem sozinhos. Quanto antes for iniciado o tratamento (de preferência nas primeiras 6 horas após consumo), maiores são as chances de recuperação sem sequelas graves.
Diagnóstico desafiador: como confirmar um quadro de intoxicação por metanol?
Como os sintomas são semelhantes e frequentemente confundidos com os de uma intoxicação comum por etanol, o diagnóstico de envenenamento por metanol tende a ser desafiador.
No pronto socorro, é importante relatar ao médico se houve ingestão de álcool nas últimas horas ou dias e a presença de sintomas característicos da intoxicação.
Além disso, são solicitados exames de sangue para identificar a presença de metanol na corrente sanguínea e gasometria arterial, com objetivo de checar acidose metabólica grave (baixo pH no sangue).
Outros exames complementares, como função dos rins e do fígado, além de avaliação oftalmológica também devem ser solicitados.
Como é feito o tratamento de intoxicação por metanol?
O tratamento da intoxicação por metanol deve ser feito em ambiente hospitalar, preferencialmente em unidades de terapia intensiva (UTI).
O sucesso do tratamento depende principalmente do tempo entre a ingestão e o início das medidas médicas. As principais incluem:
Bloquear a metabolização do metanol
É utilizado etanol intravenoso ou fomepizol, um antídoto específico, para impedir que o fígado transforme o metanol em compostos tóxicos.
Corrigir a acidose metabólica
Administração de bicarbonato de sódio e suporte clínico para restabelecer o equilíbrio do organismo.
Hemodiálise
Em casos graves, a hemodiálise é necessária para eliminar rapidamente o metanol e seus metabólitos do sangue.
Suporte clínico
Cuidados intensivos, hidratação intravenosa, controle de convulsões e monitoramento constante da função cardíaca, renal e respiratória.
Chances de cura: o metanol causa mortes?
A intoxicação por metanol tem possibilidade de ser fatal se não houver atendimento rápido. Estima-se que a ingestão de apenas 30 mL de metanol puro (equivalente a duas colheres de sopa) já é suficiente para provocar a morte de um adulto.
Mesmo em quantidades menores, os riscos são sérios, pois a substância é capaz de causar cegueira irreversível.
Médicos especialistas apontam que se os cuidados corretos não forem realizados rapidamente, as chances de morte ultrapassam 50% dos casos. No entanto, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a possibilidade de sobrevivência aumenta e o risco de mortalidade diminui para 10%.
Como se proteger? Cuidados na hora de comprar bebidas alcóolicas
A melhor forma de evitar a intoxicação por metanol é a prevenção. Algumas medidas são essenciais para não consumir produtos adulterados:
Compre apenas bebidas alcoólicas de locais confiáveis, como supermercados, bares e distribuidores reconhecidos
Verifique o lacre e o selo fiscal da bebida: produtos originais têm selagem e rótulos oficiais
Desconfie de preços muito baixos, pois costumam indicar adulteração
Evite bebidas vendidas a granel ou sem identificação clara de marca e fabricante
Informe às autoridades locais se suspeitar de venda ilegal de bebidas adulteradas
Ao notar qualquer sintoma semelhante ao de intoxicação por metanol, procure ajuda profissional o quanto antes e relate o consumo de álcool ao médico.

Escrito por Vale Saúde
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