Síndrome do Impostor
Embora não seja considerada transtorno mental, condição ligada à autossabotagem demanda acompanhamento profissional
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Karine Bonfim Pereira - CRP 06/149013
O que é a Síndrome do Impostor?
A Síndrome do Impostor é uma condição na qual o paciente tem medo constante de ser descoberto como uma fraude no âmbito intelectual, seja no trabalho ou na vida particular (nos relacionamentos ou nas suas funções em família).
Apesar de não ser classificada como doença, porque não consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria, esta desordem psicológica é bastante estudada.
Os sintomas costumam ser comportamentos similares aos encontrados em outros transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e fobia social.
A Síndrome do Impostor tem sido monitorada de perto pelos pesquisadores em saúde mental nos últimos anos. Mais de 70% da população mundial tem sintomas relacionados ao transtorno: ansiedade, insegurança e dúvidas em relação à própria capacidade, num contexto profissional ou acadêmico.
Mesmo se tratando de uma condição relativamente nova, os casos e sintomas só crescem. Desde o início da pandemia de Covid-19, os modelos remotos e híbridos de trabalho despertaram inseguranças em relação ao desempenho e conquistas profissionais, fazendo com que esse número aumentasse ainda mais.
Esta síndrome é muito comum de ocorrer nas profissões competitivas, avaliadas e testadas a todo momento, como nas áreas corporativas, da saúde e do ensino, e costuma atingir as pessoas mais inseguras e que internalizam críticas e falhas.
No entanto, qualquer um pode desenvolver esta síndrome, e em qualquer idade, sendo mais comum quando se está em uma posição de ser alvo de julgamentos do desempenho, como ao receber uma promoção no trabalho ou iniciar um novo projeto.
Ainda que o senso comum atrele esse termo à carreira, a sensação de ser uma fraude é mais comum e recorrente em outros âmbitos da vida do que se imagina. Na verdade, 70% das pessoas já se sentiram assim pelo menos alguma vez na vida, segundo o International Journal of Behavioral Science.
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Como surgiu a Síndrome da Impostora?
O conceito da Síndrome da Impostora foi criado em 1978 por duas psicólogas norte-americanas, Pauline Clance e Suzanne Imes. O estudo original teve somente entrevistadas mulheres.
Até hoje, persiste a percepção de que a condição ocorre apenas na ala feminina, mas isso não é verdade. Vários estudos realizados na sequência, nas décadas de 1980 e 1990, observaram que homens também podem se sentir uma fraude.
Por se julgar equivocadamente que o sentimento acomete mais mulheres, o nome da síndrome é encontrado com frequência conjugado no feminino. No entanto, pesquisadores atuais explicam que é possível dizer que a condição psicológica atinge muito mais mulheres do que homens por questões estruturais de uma sociedade patriarcal, machista.
As estatísticas ainda mostram que as mulheres tendem a ser mais acometidas pela Síndrome do Impostor que os homens. Apesar disso, a diferença não é tão conclusiva.
Uma das explicações para essa discreta desigualdade é histórica, ligada aos frutos de uma sociedade na qual o homem ocupava grande parte dos postos de trabalho, enquanto as mulheres ficavam em casa cuidando dos filhos.
Recentemente, em um cenário global bem diferenciado, um fator que pode ser levado em conta ainda é a sobrecarga doméstica e familiar, que pode fazer com que a mulher não se perceba 100% capaz de ocupar altos cargos de liderança, ou não ser valorizada com os mesmos salários e postos masculinos, prática errônea que segue ocorrendo.
Quais são os principais sintomas psicológicos?
Pessoas com Síndrome do Impostor geralmente apresentam 3 ou mais dos seguintes comportamentos:
- Autossabotagem
- Autodepreciação ou autocrítica excessiva
- Necessidade de se esforçar demais
- Procrastinar (adiar recorrentemente) ou abandonar tarefas
- Comparação constante com os outros
- Medo de se expor e receber críticas
- Vontade de agradar a todos
- Sentimento de não pertencimento
- Hábito de fugir das situações por medo de tentar
- Pensamentos repetitivos sobre ser uma farsa, unidos à possibilidade de ser desmascarado por alguém
- Sentimento constante de não ser qualificado para o trabalho que se está fazendo, mesmo que isso nunca tenha sido apontado por superiores ou pela equipe
- Necessidade constante de provar que é capaz no ambiente de trabalho, associada à frustração ou tristeza intensa
- Trabalhar excessivamente
- Dificuldade de aceitar feedback positivo em relação ao trabalho
- Associar conquistas à sorte ou interferência de terceiros
Quais podem ser algumas causas da condição?
Diferentes perfis de pessoas podem desenvolver a Síndrome do Impostor, porém há certos indicativos no histórico emocional ou familiar que podem servir de alerta. A ansiedade de uma pessoa com a condição está atrelada a uma personalidade muito autocrítica, um sentimento crônico de incapacidade, culpa, desconforto e baixa autoestima.
Alguns pacientes relataram ter sofrido bullying na infância e adolescência. Para além do sentimento de inferioridade como consequência desse trauma, a pressão de pais rígidos durante a formação da personalidade pode contribuir para o desenvolvimento dessa autocrítica constante, quando a criança cria uma exigência muito grande consigo mesma e sua autoconfiança fica distorcida.
Ter modelos idealizados, próximos da perfeição, também influenciam nesse comportamento.
Como investigar a Síndrome do Impostor?
A Síndrome do Impostor é identificada quando uma pessoa desmerece os próprios talentos, capacidades e resultados (Síndrome do Não Merecimento).
Apesar de possuir experiências satisfatórias e haver registro de bom desempenho profissional, estudantil e até mesmo pessoal, ela tende sentir que não é boa o suficiente e que precisa melhorar ainda mais.
Definida como uma série de ações destrutivas ou punitivas involuntárias, a autossabotagem é o comportamento mais característico da condição. Ela pode se manifestar tanto na vida pessoal quanto profissional, o que afeta o desenvolvimento das relações e, principalmente, seu crescimento e sucesso na carreira.
Pessoas com esta condição acreditam que o fracasso é inevitável e que, a qualquer momento, alguém experiente irá desmascará-lo na frente dos outros. Assim, mesmo sem perceber, pode preferir se esforçar menos, evitando gastar energia para algo que acredita que não dará certo e diminuindo as chances de ser julgado por seus pares.
Embora seja comum, esse comportamento geralmente não é percebido pelas pessoas que se autossabotam. Ele é grave e pode desencadear doenças como ansiedade, depressão, obesidade, diabetes e cardiopatias (alterações no funcionamento do coração).
Casos mais extremos de um comportamento autossabotador podem até mesmo fazer com que a pessoa se automutile, como forma de punição e impedindo momentos que seriam sinônimo de sucesso e felicidade.
A Síndrome do Impostor pode se desenvolver de formas e com intensidades diferentes em cada indivíduo. O mais recomendado é procurar ajuda de um profissional para ter certeza do diagnóstico e qual o acompanhamento deverá ser feito.
É importante estar atento aos próprios sintomas. A Síndrome do Impostor pode facilmente evoluir para um quadro de Burnout ou estresse crônico. É fundamental compreender que esse sofrimento não precisa ser superado sem auxílio.
Uma consulta com psicólogo ou psiquiatra pode ajudar a compreender melhor o histórico pessoal do paciente e como isso tem refletido em seu comportamento. Com tratamento profissional, é possível lidar com a síndrome e ter uma melhor qualidade de vida.
Como tratar a Síndrome do Impostor?
Uma pessoa que sofre com esta síndrome precisa de ajuda tanto psicológica quanto afetiva, para poder ter a chance de reestruturar suas emoções e ideias de forma que se possa reconhecer como capaz e suficiente para si mesma.
Por vezes, é importante ter reconhecimento de familiares e avaliação positiva de seus resultados por superiores no trabalho, para conseguir melhorar seu entendimento sobre si mesmo e se achar merecedor de conquistas.
No caso de serem identificadas características da Síndrome do Impostor, como tratamento, é indicado que o paciente realize sessões de psicoterapia para ajudar a internalizar suas capacidades e competências, diminuindo a sensação de ser uma fraude.
Além disso, algumas atitudes podem ajudar a controlar os sintomas desta desordem psicológica, como:
- Ter um mentor, ou alguém mais experiente e confiável para quem possa pedir opiniões e conselhos sinceros
- Compartilhar as inquietações ou angústias com um amigo
- Aceitar os próprios defeitos e qualidades, e evitar se comparar ao outros
- Respeitar as próprias limitações, não estabelecendo metas inalcançáveis ou compromissos que não possam ser cumpridos
- Aceitar que as falhas acontecem a qualquer pessoa, e procurar aprender com elas
- Ter um trabalho de que goste, proporcionando motivação e satisfação
Procurar manter uma vida saudável e realizar atividades para aliviar o estresse e a ansiedade, que melhorem a autoestima e promovam autoconhecimento, como yoga, meditação e exercícios físicos, além de investir em momentos lazer (leitura, cinema, arteterapia), são bastante satisfatórios para a convivência com esta alteração psicológica.
Qual o oposto da Síndrome do Impostor?
O extremo oposto da Síndrome do Impostor é o Efeito Dunning-Kruger, quando os pacientes se acham superiores aos demais.
Segundo os pesquisadores David Dunning e Justin Kruger (psicólogos autores do estudo que descreveu o fenômeno comportamental), o ser humano se acha melhor do que realmente é, e quanto menos ele sabe, mais crê ser especialista sobre um tema, podendo falar sobre ele com maestria.
O Efeito Dunning-Kruger remete àqueles casos de indivíduos claramente ignorantes em um determinado assunto, mas que se anunciam informados e nem levam em conta a opinião dos outros, rotulando-os equivocados.
Com sua pretensão de conhecimento acima da média, as pessoas com o Efeito Dunning-Kruger possuem uma pretensão ilusória que as cegam diante dos próprios erros. Com isso, o portador da síndrome costuma fazer escolhas ruins influenciadas por sua arrogância.
Karine Bonfim Pereira (CRP 06/149013)
Psicóloga graduada pela PUC-SP, pós-graduada em Psicanálise Clínica pela UniAmerica e em Atendimento Psicanalítico de Casal e Família pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atua como Psicóloga Supervisora do time de Gestão em Saúde Mental na Conexa Saúde.
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